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Essa semana eu estive presente no Rio+Social, um evento paralelo a Rio+20. A ideia do evento era fazer o link entre os temas levantados pela Rio+20 e o poder das redes sociais. Uma maneira de mobilizar as pessoas e divulgar ações que já têm sucesso nesse sentido. Foram discursos e vários painéis de discussão. Nesse post, destaco os pontos altos do evento, bem como os insights dos participantes.

Pete Cashmore (Foto: Rodrigo Nascimento)

A canadense Severn Cullis-Suzuki, que ficou conhecida como ‘a menina que silenciou o mundo por cinco minutos’ com seu discurso feito na ECO 92, esteve presente e fez o seguinte apelo: “Todos temos voz, vamos usá-la. Juntos seremos uma voz alta demais para ser ignorada.” Veja o discurso na íntegra.

O bengalês Muhammad Yunus, conhecido como ‘banqueiro dos pobres’ e Nobel da Paz em 2006, disse que o mundo dos negócios não pode ser focado somente na “maximização dos lucros” e que os chamados “negócios sociais” podem representar uma grande força para resolver os problemas globais. Ele disse ainda que “o dinheiro tornou-se um vício e que fazer dinheiro é simplesmente um meio e não um fim.” Ele argumenta que os negócios focados 100% no lucro podem evoluir e incluir atividades voltadas para o social para darem também algum retorno à sociedade.

Ana Maria Fernandes - EDP Brazil e Muhammad Yunus - Grameen Bank, entrevistados por Luciano Huck (Foto: Darlan Alvarenga/G1)

No Rio+Social também foram levantadas questões sobre o uso da tecnologia na busca de soluções e caminhos sustentáveis. Richard Branson, fundador do grupo Virgin, coordenou o painel sobre negócios inovadores.  Um dos empreendimentos de Branson é a Virgin Galactic, empresa de turismo espacial – os primeiros voos estão marcados para o final de 2013. “Não existe um planeta B. Temos que cuidar do único que temos.”, disse ele.

Richard Branson (Foto: Darlan Alvarenga/G1)

A cantora Daniela Mercury, que é embaixadora no Brasil do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) também esteve presente e propôs uma mobilização nas redes sociais para enlouquecer os governantes. Deixou uma mensagem de otimismo ao final de sua participação, cantando “Sonho Impossível”.

O diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Kimi Naiddo, criticou o rascunho do documento final em negociação na Rio+20, disse que é “patético” e pode levar a mudança do nome da conferência para “Rio menos 20”. Ele afirma que é preciso rever o modelo econômico baseado apenas em “mais mercados, mais produtos e mais dinheiro.”

Alnoor Ladha, que lidera uma iniciativa global contra a pobreza, deixou uma mensagem contra o narcisismo nas redes sociais, “Estamos tão impressionados com nós mesmos nas redes sociais que não agimos pelas mudanças que precisam ser feitas.”

Ted Turner (Foto: G1)

Ted Turner, fundador da rede americana CNN, afirmou que quanto mais informação disponível para a sociedade, maior é a chance de ocorrer mudanças. “Não há filantropia suficiente neste mundo. É por isso que temos que continuar falando sobre isso. É por isso que eu estou aqui”, afirmou. “Meu dinheiro não será bom para mim quando eu estiver morto”, acrescentou. Ele destacou também que economia e sustentabilidade não são questões antagônicas e que “Se nós destruímos o meio ambiente, destruímos a nós mesmos”.

Rene Silva, do @vozdacomunidade, também se apresentou destacando como foi importante sua atuação para relatar o que estava acontecendo na comunidade do Complexo do Alemão, durante a invasão da polícia ocorrida no fim de novembro de 2011. Rene é um exemplo de como as redes sociais podem ser usadas em prol de uma comunidade.

“Estamos tentando fazer com que as mídias sociais, e através da tecnologia, todos possam ser envolvidos nas discussões que estão acontecendo, tornando-as mais acessíveis. O Mashable tem esta enorme audiência, tanto no Twitter quanto no Facebook, onde as pessoas realmente se conectam e compartilham ideias. Achamos que era uma grande oportunidade de vir até aqui e tornar as discussões em torno da sustentabilidade mais acessíveis a todos”, explica Pete Cashmore, CEO do Mashable. Ele acrescentou que “O fantástico sobre mídias sociais é ser acessível para todos.”

Luciano Huck fez parte do primeiro painel, com Pete Cashmore, e ele enfatizou que seu trabalho leva informação sobre a particularidade da vida dos brasileiros, nos mais variados cantos do país. Disse que seu trabalho diferentemente de pensar o macro, o global, tenta focar no individual, entrando na intimidade das famílias. O apresentador destacou a força das redes sociais como vetor para unir e compartilhar ideias, uma vez que todos usuários passam a ter voz ativa.  “Sustentabilidade põe todo mundo na mesma página. É o tema que mais junta gente no mundo em uma única causa através das redes sociais, porque todos querem fazer parte das mudanças”, disse.

Os integrantes do Linkin Park falaram diretamente dos EUA, num telão, para a plateia sobre o apoio que o grupo dá a um projeto que visa proporcionar energia para populações desassistidas. O Power the World é um movimento lançado pela banda para dar acesso a energia para um milhão de famílias no mundo.

A banda escolheu Uganda porque no país o serviço de saúde é precário e bastante comprometido pela falta de luz. Sem eletricidade, os hospitais fecham ou funcionam às escuras. Segundo os músicos, quem mais sofre com a situação são mães e seus bebês, que precisam de atendimento de emergência.

“Mulheres vem tendo filhos à luz de velas e muitas vezes sofrem queimaduras”, disseram os músicos. O equipamento principal do projeto Power the Word é uma mala de iluminação solar, que garante o fornecimento de eletricidade e que vem sendo distribuída em hospitais e clínicas para garantir às mulheres um parto com mais segurança.

Luciano Huck mostra a mala de energia do projeto Power the World, da banda de rock Linkin Park (Foto: Rodrigo Nascimento)

O evento foi sensacional, acima de tudo lembrar quantas pessoas em situação de extrema pobreza e necessidade existem espalhadas pelo mundo. Questionar o modelo econômico, perceber que pequenas atitudes podem fazer uma diferença enorme para a sociedade. Vamos fazer um pouco mais, porque talvez o que é pouco para você, possa ser muito para outra pessoa.

Fernanda Bartels, Pete Cashmore e Cristiane Rocha Thiel (Foto: Rodrigo Nascimento)

Deixe seu comentário, caso tenha ido ao evento e se não foi, mas se interessou, comente, mande email. Eu quero muito saber sua opinião sobre o tema.

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1 Comment

  1. Nayla Soutelo Reply

    Oi Cris!

    Fiel retrato do Rio + Social. Foi muito bom poder compartilhar essas ideias com vocês. E melhor ainda ver que podemos utilizar a nossa voz para que outras pessoas saiam do silêncio e possam dialogar conosco (Break the silence). Parabéns! =)

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